quarta-feira, 7 de dezembro de 2011






"Moça, olha só, o que eu te escrevi

É preciso força pra sonhar e perceber

Que a estrada vai além do que se vê"



Marcelo Camelo

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

manual do se vire você.


Poderia vir tudo escrito
registrado em um manual
como fazer
aconselhado por passos
qual passo devo dar

Mas pouco importa
se alguns passos
caminhamos sem enxergar
para, no fim, esperar
nascer o que bem entender

E se no meio
um buraco aparecer
o pé tropeçar
as mãos ralar
a vergonha bater
esqueço “as gente”
levanto dançando
se for sexta-feira
saio cantando

E do de repente
aparece no meio da gente
uma vontade louca
de não seguir em frente
de sentar no meio-fio
esperar o interessante

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

metamorfoseando.

     Talvez não esteja certo, mas ao longo da vida existem pessoas que mudam o nosso modo de ser. Da mesma maneira que acrescentam algo em nossa identidade, tiram um pedaço; ou pedaços importantes e que farão falta para mantermos nossa forma original, ou pedaços dos quais queremos nos livrar. A questão é saber mediar quais as partes a serem descartadas e quais as partes a serem acrescentadas, como encaixes. Se soubéssemos a maneira desse equilíbrio no fim da vida seríamos pessoas mais satisfeitas e consequentemente mais felizes. Quem sabe seja essa a fórmula da felicidade (como se existisse fórmula pra isso), mas não to aqui pra falar da perseguida.
     Sou adepta do “talvez”, “quem sabe”, porque nem a minha verdade eu a mantenho absoluta, desconstruo e reconstruo idéias como quem valoriza o pensamento e a opinião alheia. E então, voltamos ao assunto que me trouxe até aqui, ser uma metamorfose nos garante um processo evolutivo do corpo e da mente, mas sem um filtro, podemos ser levados à destruição da nossa personalidade e do que mais temos de original. Saber que temos encéfalo e não argamassa em nossa caixa craniana nos permite expandir conceitos e mudá-los de acordo com o nosso amadurecimento. Deixar que entre o melhor das pessoas nessa caixa e cuidar para não levarem o que temos de bom é um caminho seguro pra mantermos coerência à nossa essência.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

da certeza, só o coração.

quem não sabe, acha que não precisa
quem precisa, não acha
quem acha que sabe, não larga de mão
e não quer nem saber se precisa
continua achando

quem não precisa, não procura
mas por acaso acha,
e quem acha que não precisa
fica procurando outros achados
e de repente percebe que já achou

e o achado percebe que não se encontrou
e novamente se põe a ouvir seu coração:
se carrega consigo o amor ou a razão;
se tenta procurar se encontrar
ou finge que já se achou

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Eu tempeio, tu tempeias.

Finjo que o tempo me controla
só lhe dou chance pra me mostrar o que ele pode me dar.
Faço o que eu quiser no meu tempo.
Se tivesse tempo pra namorar,
se tivesse tempo pra casar,
todos teríamos um par,
se tivesse tempo de brincar,
não haveria quem trabalhar,
se tivesse tempo de estudar,
não haveria quem rodar,
se tivesse tempo pra amar,
não teríamos a quem odiar,
se eu tivesse todo tempo do mundo
pra com meu amor eu me juntar
pra quem minhas cartas iria mandar,
pros amigos?
esses se resolvem com um café, uma cerveja, um chá,
aquele tempo pra conversar.
Mas se eu controlo o meu tempo,
onde ficam os acasos
e as pessoas que chegam sem avisar?
No tempo deles, ora!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011


Era como ter sem saber,

era como criar sem cultivar,

de agora querer e não mais poder.

É um pesar, não mais do que imaginar.

Lembrar para os segundos seguintes esquecer,

Fingir não te ouvir,

quando dizia que não iria sumir.

Fingir não rir,

quando lembro de te ver sorrir.

E o futuro se adia de modo a se perder,

enquanto sonho do teu lado acordar

e lá estar para nada disso passar,

mas no meu despertar infeliz,

me faço lembrar que sempre estive lá

sem deixar o nosso tempo passar.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sinto que penso, que faço, o que nada sei
sinto estar perdida
entristecida e alienada da vida
respiro por saber que me faz viver,

vejo e ouço o que não quero
vejo e ouço o que não espero,
do qual sei, o que nada sei.

a minha solidez de outrora,
pode ser a morbidez de agora

o céu negro das nuvens que trarão a chuva do fim das horas
para por fim,
espantar a penunbra desse mundo sem ternura
pelo
resto
das
horas.

(Esse texto é antigo, mas eu gosto dele, traz sentimentos que não são a minha cara).

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Protesto Silencioso

    Há quem acredite que o mundo em que estamos vivendo adquiriu personalidade liberal maior do que no passado, ilusão, vivemos amordaçados pelo pensamento conservador e imaturo dos que dizem que protestar é fazer baderna, e de que lutar por algo mais justo é ajudar a vagabundagem.
   Diante de inúmeros protestos que as universidades federais e particulares andam passando, todas por motivos diferentes, acredito que ainda há um espírito jovem da nossa sociedade, do qual não morreu com as caras pintadas, nem envelheceu com o Sarney ainda representando o senado. Os movimentos continuam existindo pelos cantos do Brasil, e ir contra a corrupção, à injustiça e ao acúmulo abusivo do poder, é papel inquestionável de quem sofre por isso, de quem vê o mundo sendo guiado por um grupo que deixou os valores morais irem embora a medida que o poder lhes foi sendo alcançado.
   Somos nós os maiores mandantes do futuro da humanidade, e se queremos viver num mundo justo e com a nossa cara, foda-se a opinião de quem não tem base argumentativa pra ir contra a “baderna” gerada pelas manifestações, normalmente a mídia, que por vezes acaba implementando essa brilhante idéia na cabeça (que se não tivesse pura massa encefálica, seria uma privada embutida) do tipo de pessoa que adora falar de boca cheia que “na época da ditadura que era que bom”.
   Esperamos no mínimo de um jovem, que ainda não foi corrompido pela mídia parcial que predomina nos meios de comunicação em massa, nem foi tomado pela desesperança num mundo “mais ideal”, a mente aberta pra saber formar suas próprias idéias e defesas, que sejam não só justas para si, mas pela sociedade do qual é inserido, e de que não esqueça os valores morais uma vez aprendidos, que não só saibam passar para os seus filhos, mas saibam usá-los no momento preciso, para que não continuemos nesse antro de caráters despersonificados.

terça-feira, 7 de junho de 2011

primeiro encontro

Os olhos parecem piscar freneticamente, voltando-se para o chão como forma de desatenção, querendo na verdade, se ater a tudo.

As mãos encalalourados buscam refúgio no tecido da roupa, querendo sobretudo, alcançar as mãos alheias.

Os lábios acompanham a vontade do corpo inteiro, mas preferem sorrir, já que talvez seja essa a maior aproximação entre eles.

Os olhares que se cruzam, as vezes se entregam, as vezes se questionam, as vezes se analisam, como numa tentativa decorar o formato e a cor um do outro.

A grama, a formiguinha e o gato na calçada, distraem o olhar para escapar da ressaca.

As conversas surgem como salvação pro silêncio que insiste em querer ficar, a fim de mostrar que as bocas devem se tocar e os cabelos devem se bagunçar.

O caminho é longo, a permanência é duvidosa e o restante é prazeroso. Mas do caminho que percorre o amor, o que é claramente certo é a vontade, a vontade de seguir em frente, para sentir os efeitos do corpo e do coração novamente.

E o presente se faz como modo de ficar, como um aviso pra não partir.

terça-feira, 5 de abril de 2011

da nostalgia serei alento


Costumo ter surtos nostálgicos com certa frequência
guardo sempre comigo um pedaço das cenas em que vivi
sinto a necessidade de memorizar o cheiro, o toque,
e todo cenário por qual percorri.

Passo pelo Gigante e decoro todos cantos
percorro com o olhar todo vermelho que sempre fez ofuscar
o azul do céu e do mar.
Penso na Redenção e lembro de cada instante
da bergamota, do chimarrão e da fonte.
Vou para a praia e trago comigo o cheiro do mar
da infância que jamais vai voltar.
Ando pela Independência, quanta festa, deus meu!
Só queria dançar, mas cansei de ver tudo girar.

Quantos aromas ainda vou lembrar
Quantos paladares ainda vou degustar
Quantos pedaços de papéis ainda vou guardar
Quantas músicas hão de tocar
Quantas lembranças me farão chorar
Quantos amores irão me tocar
Com quantas lembranças ainda vou ficar?

Os futuristas que me perdoem,
mas serei passadista até achar que da minha vida, tudo foi em vão.
Serei nostálgica por respeito a todos que passaram e passarão.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Pensamentos moralistas, ideais marxistas
Autonomia política e religiosa
Estrondosa explosão de caminhos
Tiros de criação, libertação
Aflição para estagnação
Bem-aventurados os expansionistas,
os malabaristas da vida, das dívidas
Questionamentos presentes,
de fatos recentes e decorrentes
dos disparates humanos
Egoísmo, individualismo,
canibalismo camuflado
pelo acinzentado vento das construções e perversões,
Sorrisos compelidos
Valia? Não! ainda vale o mais-valia
Aleatório e espontâneo: o palhaço, o artista,
altista dos valores hodiernos
centrado no palco da história vivida, escrita, dita
                                     

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

E se...

            E se pudessemos adiar nossos sentimentos? Apertar em um botão como se trocassemos uma faixa de um cd. Seriamos mais felizes? Tudo seria mais simples? O que é verdade absoluta são nossos questionamentos acerca de como seriam nossas escolhas se tivéssemos poderes para lidar com o coração de forma calculista e racional; como passar mais rápido um sofrimento, como parar no tempo naquele momento, como gravar pra sempre aquela lembrança prazerosa.
Tudo que queremos é seguir a trilha como planejamos, mas no caminho há flores, galhos, e bifurcações , todos com algum porém, o que nos faz entrar num jogo de escolhas e aprovações diante do nosso universo individual e coletivo.
A vida não é linear, tampouco circular, há muitas retas e semicírculos das quais jamais iremos contornar, mas carregarão conosco as falsas lembranças de como teria sido se tivéssemos escolhido aquele lado da bifurcação.
O fato é que no decorrer da nossa vida não temos como vencer nessa guerra contras as discrepâncias ou do destino ou do coração. A flor e o galho não estão ali por sua causa. As poucas escolhas que nos sobram não fazem com que nossa vida siga da maneira formulada, elas só abrem outros caminhos, para que tenhamos a sorte de encontrar a flor ou a experiência de remover o galho.