Os olhos parecem piscar freneticamente, voltando-se para o chão como forma de desatenção, querendo na verdade, se ater a tudo.
As mãos encalalourados buscam refúgio no tecido da roupa, querendo sobretudo, alcançar as mãos alheias.
Os lábios acompanham a vontade do corpo inteiro, mas preferem sorrir, já que talvez seja essa a maior aproximação entre eles.
Os olhares que se cruzam, as vezes se entregam, as vezes se questionam, as vezes se analisam, como numa tentativa decorar o formato e a cor um do outro.
A grama, a formiguinha e o gato na calçada, distraem o olhar para escapar da ressaca.
As conversas surgem como salvação pro silêncio que insiste em querer ficar, a fim de mostrar que as bocas devem se tocar e os cabelos devem se bagunçar.
O caminho é longo, a permanência é duvidosa e o restante é prazeroso. Mas do caminho que percorre o amor, o que é claramente certo é a vontade, a vontade de seguir em frente, para sentir os efeitos do corpo e do coração novamente.
E o presente se faz como modo de ficar, como um aviso pra não partir.
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