domingo, 23 de setembro de 2012



Era um jeito doce de olhar pela janela, apoiava seus cotovelos no parapeito, mas queria mesmo é jogar os pés para fora e sentar-se, “os sofás tinham que ser posicionados para a rua”, pensava ela. Observava quem passava na rua, olhava como se adivinhasse a história de cada um daqueles passantes. Na verdade tentava, era uma das coisas que mais gostava de fazer enquanto esperava o almoço. "Esse de bicicleta deve estar atrasado pra encontrar sua namoradinha na frente do mercadinho do fim da rua". Inventava ou coisas de comida, porque quase sempre estava com fome, ou pensamentos sobre namoro. Esse último sim andava ocupando sua mente a maior parte do tempo.
Tinha um leve interesse pelo rapaz que passava todo dia por volta das dezoito horas, carregava livros, provavelmente fazia o caminho até a faculdade, andava como quem tivesse vergonha do que estava fazendo, seus cabelos pretos caiam sobre a sua testa, mas gostava mesmo quando o vento os carregava para trás, o via já no início da calçada, às vezes fazia um sinal com cabeça, cumprimentando-a, era quando não estava atrasado, por vezes passava correndo e sem livros.
 A esse horário, o sol que se botava, iluminava Sophie na janela, seus cabelos mais escuros davam a impressão de serem fios de cobre por esse horário, a cor de seus olhos se abriam como se acompanhasse a cor de seu cabelo, notava-se cada pontinho de seu olho.
Adorava Fernando Pessoa, seu único livro dele, comprado de um sebo no centro da cidade, fazia sozinho o caminho por onde Sophie andava, era seu dicionário, seu tarot, e seu companheiro de viagens, essas últimas eram das quais Sophie mais desfrutava.
Saiu da janela, sentou no sofá, e foi viajar.

(...)

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