segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Cyber selva. 

   Com o avanço tecnológico, e principalmente, com a explosão das redes sociais, tornamo-nos jornalistas de nós mesmos, publicitários da nossa vida. Distribuímos informações como se conversássemos com alguns amigos, quando na verdade estamos divulgando informações a uma rede infinita de usuários, que podem usar o que você escreve tanto de forma positiva, quanto da pior maneira.
   Todos reclamam da falta da privacidade que os anos 2000 trouxeram, mas estamos cansados de pessoas que fazem check-in por onde andam, divulgam fotos que trazem mais do que um rosto bonito na frente do espelho ou de dentro do seu carro.
  A verdade é que a exposição virou mania, a vontade de aparecer cresce quando ganhamos público. Alimentamo-nos da vontade de mostrar que somos bons em alguma coisa, pode ser na academia, pode ser nas letras, pode ser na criatividade, pode ser na graça, entramos numa cyber selva, um mercado livre, em que aparecemos demais, às vezes somos de menos.
   A internet nos trouxe algo do qual a humanidade nunca teve, o acesso rápido a qualquer informação, e por ser novo queremos extrair o máximo que ela nos permite, como se quiséssemos correr atrás do tempo perdido. Apesar de já existir gerações que cresceram com a mão no mouse (mouse, isso já é coisa do passado), ainda não aprendemos a usá-la, de maneira a filtrar o que queremos expor e absorver. Buscamos notoriedade baseada na quantidade e no parecer, entretanto, esquecemos o não mais trivial: ser.

domingo, 23 de setembro de 2012



Era um jeito doce de olhar pela janela, apoiava seus cotovelos no parapeito, mas queria mesmo é jogar os pés para fora e sentar-se, “os sofás tinham que ser posicionados para a rua”, pensava ela. Observava quem passava na rua, olhava como se adivinhasse a história de cada um daqueles passantes. Na verdade tentava, era uma das coisas que mais gostava de fazer enquanto esperava o almoço. "Esse de bicicleta deve estar atrasado pra encontrar sua namoradinha na frente do mercadinho do fim da rua". Inventava ou coisas de comida, porque quase sempre estava com fome, ou pensamentos sobre namoro. Esse último sim andava ocupando sua mente a maior parte do tempo.
Tinha um leve interesse pelo rapaz que passava todo dia por volta das dezoito horas, carregava livros, provavelmente fazia o caminho até a faculdade, andava como quem tivesse vergonha do que estava fazendo, seus cabelos pretos caiam sobre a sua testa, mas gostava mesmo quando o vento os carregava para trás, o via já no início da calçada, às vezes fazia um sinal com cabeça, cumprimentando-a, era quando não estava atrasado, por vezes passava correndo e sem livros.
 A esse horário, o sol que se botava, iluminava Sophie na janela, seus cabelos mais escuros davam a impressão de serem fios de cobre por esse horário, a cor de seus olhos se abriam como se acompanhasse a cor de seu cabelo, notava-se cada pontinho de seu olho.
Adorava Fernando Pessoa, seu único livro dele, comprado de um sebo no centro da cidade, fazia sozinho o caminho por onde Sophie andava, era seu dicionário, seu tarot, e seu companheiro de viagens, essas últimas eram das quais Sophie mais desfrutava.
Saiu da janela, sentou no sofá, e foi viajar.

(...)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

da vida.



Piso fundo na vasta imensidão que nem sempre me acolhe,

Descubro um mundo do qual já conheço,

Busco o que é belo com medo dos olhos que brilham nas sombras,

Encolho os sorrisos que já foram gargalhadas,

Desfaço a pose.

Levanto o olhar para a folha que caiu com o vento,

Passeio com meus olhos pelas raízes da árvore que deixou levar sua folha, o vento bate mais forte e toda ela
se curva por alguns segundos, míseros segundos perto de sua vida.

Perde suas folhas,

se curva momentaneamente pra sempre,

a cada estação se faz de um jeito, por vezes sombrio,

mas é tão linda, e nunca morre.

Sorrio.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

chamada do coração.

Vem, que nem tudo é amargo

vem, que os traços se refazem

espera, que a calma bate a porta

anda adiante, que o céu comemora

ando olhando pra ele, que coisa...

não se decide que cor elabora

não sabe por onde anda

vambora, que dá tempo

é hora do sol lá fora

vai, te aquece

vai ver que a flor nasceu

logo depois que a outra morreu

segue essa trilha de terra

mas tira os sapatos

é preciso que a terra

entre em cada poro do pé

que o cheiro dela evapore

que o teu nariz implore

o cheiro de vida que brota

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

olha a chuva, vem pra cá


espera o vento chegar


deixa a cortina voar


deita aqui


quem sabe esquecemos lá fora


quem sabe o amor tá aqui


quem sabe senão eu e tu


deita aqui


observemos as nuvens


elas querem fugir


pra te acompanhar


te trazer aqui


agora


espera o sol voltar


pra zefini


minhas saudades de ti